Design Paramétrico
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Paramétrico
Adjectivo
Referente a parâmetro
Se considerarmos boa arquitectura como sendo aquela que consegue responder de forma positiva ao maior número possível de variáveis, ou de “parâmetros”, chegaremos à conclusão que a arquitectura paramétrica tem o potencial para a geração de uma “Arquitectura Perfeita”.
Qualquer arquitectura sempre foi paramétrica, no sentido em que, bem ou mal, ela guia-se por variáveis específicas que determinam o seu resultado. Todas as decisões que são tomadas no decorrer de um projecto têm sempre reacções em cadeia, p.ex. a decisão de adicionar um andar de apartamentos um pavimento num edifício residencial aumenta o número total de apartamentos, que aumentará o número de usuários, que aumentará a demanda de elevadores, que poderá aumentar a dimensão das suas cabines, que por sua vez exigirá que o poço de maior dimensão. Simples. Sempre foi.
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Contudo, a recente tendência de Design que adopta a designação de Arquitectura Paramétrica, cuja característica principal é provavelmente a grande liberdade na criação de volumes e texturas orgânicos e únicos, utiliza-se de ferramentas digitais para aumentar brutalmente os parâmetros considerados na geração de espaços, e garantindo uma interrelação automatizada entre estes parâmetros, que vão desde latitude, direcção e velocidade do vento, volume de tráfego pedonal, definições legais, limitações de resistência dos materiais, quantidade de radiação solar, tipo de utilização, economia energética … e por aí fora, podendo seguir infinitamente.
Dentro deste sistema, a alteração de um dos parâmetros, automaticamente reconfigura todos os outros, algo que, tradicionalmente, teria de ser efectuado manualmente pelas diversas equipas responsáveis pelo design do edifício.
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E aqui a coisa torna-se sexy … modelos, não só de edifícios, podem, teoricamente, ser gerados automaticamente, respondendo específica e precisamente a um conjunto de parâmetros pré-definidos. Mais … depois do modelo gerado, estas ferramentas podem gerar a informação necessária para o fabrico de cada uma das peças únicas que o compõem, havendo uma relação directa entre modelagem digital e processo de fabricação, montagem e construção.
Caberá, portanto, aos Designers (Arquitectura e demais especialidades), a definição dos parâmetros a considerar, e a manipulação das ferramentas, ajustando os outputs conforme desejado. Poderia argumentar-se que, num estado limite, a intervenção humana deixa de ser necessária passando mesmo a ser contraproducente, no sentido em que ela provavelmente reduziria a eficiência dos sistemas. Muito discutível!
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O extenso trabalho de Zaha Hadid e Patrick Schumacher, por exemplo, explora a utilização destas ferramentas, tendo resultado numa plasticidade inovadora e singular, mas practicamente impossível de construir com a nossa capacidade técnica actual (pelo menos com um uso responsável de recursos). Infelizmente o mercado apropriou-se mais das formas fluídas e sensuais que são geradas por estes algoritmos (que ainda estão em processo de aprender a interpretar as relações entre as variáveis) do que no princípio fundamental por trás dele, que tem grande potencial de avançar a nossa capacidade técnica. Contudo, já surgem exemplos, como o Bookworm Pavilion de Nuru Karim, que demonstram o potencial do design paramétrico a criação de espaços centrados nas necessidades humanas e procurando ser mais responsável na sua utilização de recursos.